Corrupção se aprende na escola

No terceiro colegial, COTIL, existia um concurso anual de literatura. Eram 3 categorias: poesia, conto e crônica. O máximo de trabalhos escritos por categoria eram 3, por pessoa, os nomes seriam preservados. Professores ficavam muito empolgados. Mas, como em um colégio técnico não se encontram cursos que são efetivos em áreas de humanas, o professor de literatura doava um ponto na média para o aluno que fizesse inscrição no concurso.
Eis que a aluna GG (nome protegido por questões de segurança) , 17 anos, resolve ajudar pelo menos uns 4 amigos no curso de Informática a ganhar este ponto na média. Começa uma produção em série de poemas, pois este são mais curtos e rápidos de fazer. Despois de selecionar os que mais gostava pra sua inscrição, distribuiu os "sem futuro" para seus amigos inscrever e ganhar seu pontinho.

Na premiação é anunciado a colocação do prêmio de terceio lugar do categoria poesia: "João Carlos Theodoro" - 3º ano de Informática Diurno. Estranho, pois este foi o único premiado que não compareceu a cerimônia. O troféu e o vale-CD ficaram na mesa de prêmios... intocados.

Vento sobre a areia...
Poeira sob o asfalto.

Os pés na pedra...
O sapato na calçada.

Na pedra um nome gravado...
O muro pichado.

A brisa batendo no rosto...
A fumaça entrando nos pulmões.

O mar gigantesco...
O córrego cada vez mais seco.

A onda na praia...
O homem na sarjeta.

O céu azul...
Os fios.

Anoiteceu...
A lua não veio.

O asfalto na areia.
A calçada na pedra.
A pedra pichada.
A brisa de fumaça.
O córrego gigantesco.
A enchente na sarjeta.
O céu com fios.

...E tudo se torna humano.

(Esse post foi só pra aumentar a quantidade de caracteres no meu blogue e não levar bronca do Dalton)