sexta-feira, junho 02, 2006

O deus-germe

Factor universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme — é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Augusto dos Anjos - poeta cientificista, porém não havia lido a notícia.
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Leia mais: "Somos de certa forma como um amálgama, uma mistura de bactérias e células humanas. Algumas estimativas dizem que 90% das células no nosso corpo na verdade são bactérias", disse Steven Gill

3 comentários:

Anônimo disse...

Gosto do Monólogo de uma Sombra.

E não me senti ofendida por ser chamada de colônia gigante de bactérias.

Anônimo disse...

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