Luis andava muito alegrinho. Nunca foi de ligar pra perfume, agora já tinha pelo menos 3 vidros de fragancias diferentes. As roupas, antes largadas, agora se ajeitava melhor no corpo com um certo estilo de gente simples arrumada. Nada que causasse um grande impacto em sua aparência ou que chamasse atenção de pessoas. Outras pessoas que não sua mulher, Juliana.
Juliana sempre o amou. Amou demais, da primeira vez que se encontraram até no casamento ainda o amava. Amou tanto que ficou doente, doente de amor. As novas fragancias que outrora a hipnotizada e causava desejo, agora lhe causavam nauseas. Tinha cheiro de mulher, outra mulher vadia que lhe fungava o pescoço do marido.
O detetive particular entrou na história culpa deste amor doente desenfreado. Depois que descobriu sua mulher na cama com seu melhor amigo, resolveu ganhar a vida espiando vida alheia. Isso não preenchia seu vazio, mas enchia seu estômago e lhe dava uma sensação de calmaria que a vingança dá. Através das desgraças dos outros recuperava um pouco sua dignidade de marido traido. Pediu dois mil e setecentos reais a Juliana. Dinheiro vivo na mão e a relação de moteis frequentados e fotos das perversões como retribuição.
O detetive tinha seus planos e estava empenhado. Havendo ou não traição ele montaria uma arapuca e entregaria as tais fotos para Juliana. Se sentia orgulhoso de seu plano engenhoso.
Mas, Luis não é trouxa e o detetive não é bom. Quem deve, teme. Havia notado o infeliz há alguns dias, tempo suficiente para planejar a caça e o susto que daria no sujeito. "Até onde será que este detetivinho continuaria me seguindo? Será que gosta de andar nu?".
Estavam ali, num matagal um pouco mais afastado da cidade de Mairiporã. E não é que Luis estava certo? O detetive o seguira até becos inimagináveis. Isso significa que Juliana escolheu o cara certo, empenhado. Seus esforços para conseguir a foto e armar arapuca contra o Luis o tinham levado até ali. Porém, não tinha previsto a arma.
Agora a caça e o caçador se confundiam. A tocaia havia funcionado, e qual era mesmo o próximo passo? A vingança de um se fez de outro. As histórias se concluiam por si só, sem a ação dos personagens. A confusão de um agora era do outro. O que não mudou foi o gatilho, que continuava debaixo do dedo tenso de Luis.
Dois tiros e um ponto final. Uma pessoa morta e quatro presas. Juliana não conseguiu as fotos e nem uma cela compartilhada com seu amor. Acaba assim um contro trágico onde os três personagens principais são também as vítimas.
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