sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Adrenalina

Ainda estou em choque com o filme de ontem "Revolutionary Road". Deveria ser uma crítica a família americana, mas essas coisas de planejamento familiar e seguir uma vida é universal. Cada cultura a seu modo, mas o modo está ali desde que você nasceu e é difícil mudar. De um lado sua vida pré-determinada: nasce, cresce, estuda, tem um emprego, casa, tem casa, tem filhos, aposenta. De outro lado todas as possibilidades no mundo de fazer algo diferente... Mas o que? Não ter filhos e dormir com uma pessoa diferente por semana? Se acabar em drogas ou viver com uma mochila nas costas até cansar de não ter raízes? Ser artista, dormir na praça, conhecer um monte de gente diferente... Mas que no fundo é igual: fica feliz, chora, reclama, vive um mundo pensando diferente.

O problema não é ter uma vida normal, casar, ter filhos, envelhecer e discutir se a cortina combina com a sala. Mas o tédio de saber que vai ser sempre assim. A solução é jogar tudo fora sempre, só para evitar o tédio? Mas tudo isso pra quê?


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Hoje morri de rir no banheiro feminino quando uma colega contou que o filho dela, Gabriel, foi com a mochila na escola pela primeira vez: "Biél leva, mamãe". Ela colocou a mochila nas costas dele e ele levantou os braços pra cima e foi andando assim até o portão da escola, para mochila não cair dos ombros. "Gabriel, pode abaixar os braços". Ele abaixava lentamente com medo das alças escorregarem dos ombros, e ao sentir deslocar levantava os braços de novo, assutado. Ficou uma semana indo para escola com os braços levantados.

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Amanhã vou mudar de apartamento. Já perdi a conta de quantas vezes já mudei de casa. E já morei com uma pá de gente também. Mas amanhã é especial para mim: vou voltar a morar com o Mu e o ET. Moramos juntos dois anos. Tivemos momentos bons e os menos bons: como clima tenso pela bagunça e sujeira. Mas quando passou senti que os momentos que antes eram bons agora eu lembrava como ótimos. Voltar ao que era antes traz conforto e a sensação de que o que foi bom foi de verdade, e talvez pra sempre. E voltar nos dá a chance de reconhecer que os momentos bons representam muito mais.

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Eu fico muito feliz quando conquisto algo que planejei, que lutei. E busco isso sempre. É um vício bom. 
Quando não não consigo é muita frustação, mas a gente finge que não aconteceu pra levar adiante.

Mas fico MUITO mais feliz quando algo que não planejei acontece. 
Quando não acontece, eu nem fico sabendo. 
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A administração chama isso de risco. 

Um comentário:

PIRES DI LEITE disse...

adorei seu post.
Concordo que devemos sempre desafiar o convencional, incentivar a destruição criativa e aceitar as mudanças( principalemte porque elas virão , querendo ou não).
A FELICIDADE não esta nas coisas, nos lugares ou no mundo.
Está no relacionamento.
Não existe nada melhor doq estar com quem a gente ama.
As vezes vivemos e aceitamos a rotina pq estamos presos em laços de amor...e esses é melhor não soltar..
utão gabi..
Gosto muuuuuiiiito d vc
=]