domingo, junho 07, 2009

Fim de semana

De tudo que existe na classe média, empresa privada é a mais "legal" delas.

É ela que escolhe sua postura, é ela que diz o que são defeitos e o que são qualidades, que roupa vc deve usar, se na sexta vc pode se vestir um tantin mais confortável ou com personalidade, até que horas vc deve trabalhar, quantas horas extras vc deve fazer, o que é valor, quanto trabalhar de graça pra impressionar, quanto é o valor de cada pessoa, hierarquia, quais são suas prioridades, como quem está abaixo deve se comunicar, libera férias, aponta falhas, dá uma razão pra sua vida... o que vc vai ser quando crescer?

"Fulano é dificil de tratar, mas com jetinho, conversando, amansando é possível negociar". Todo mundo sabe as fórmulas mágicas da comunicação, educação e repeito quando está de terno, das 8 da manhã as 6 da tarde. Tirou a gravata a importância do bom diálogo vai junto. Se esforça para entender "O cliente/chefe/funcionario" mas esquce de usar as mesmas técnicas quando com amigos/familia/relacionamento. O que move estas pessoas, dinheiro?

"Vestida assim pra trabalhar, não dá! Olha o tamanho do brinco! A saia tá 3 dedos acima do joelho". É engraçado como concordamos com um falso moralismo entre baias. E embora de menor importância, todo dia matar um pouquinho da liberdade de escolha de vestir, acaba sendo transportado pras horas de lazer. Afinal, um treinamento diário de pensar com censura se solidifica.

"Mas já vai sair? Está desmotivado?". Colegas big brothers ajudam a lembrar que o GRANDE OLHO está a nos observar. Mesmo que com piadas, o sentimento de culpa está presente. Um pouquinho de hora extra para mostrar comprometimento não faz mal a ninguém, faz?!

"Eu sou junior". Logo, quando eu abrir a boca para dizer a minha opinião, você como ouvinte por favor, filtre o que eu falo e certifique-se de que é verdade com alguém que tem um valor maior que o meu. Quando eu falar besteira, utilize meu valor para justificar. Quando eu acertar, diz que me superei.

"Fulano é foda, sério, trabalhador. Gente boa". Gente boa mesmo eu só sei se é perguntando pra mulher, filhos, mãe, pai e amigos. Fazer sucesso como mãe/pai/filho é um valor a ser considerado pra vida, mas pode ter certeza que pssoas do seu ambiente empresarial não vão saber disso. Então vc escolhe: fazer pra você ou para mostrar?

E uma lista infinita de coisas. Essas pessoas (eu e vc), sabemos na ponta da lingua o que fazer dentro das organizações. A cabeça tem que estar MUITO no lugar pra entender até onde é você que está decidindo sobre sua vida dentro e fora de uma instituição privada. É legal comparar nossos discursos de segunda a sexta com os de finais de semana.

Faça mais o que você gosta.

Obs: Meu objetivo não é dizer que "a sociedade é má" e "a empresa é feia boba", mas que ela tem regras, normas para que ela seja mais eficaz. Como participante ativo, podemos aprender as regras e pegar um atalho para conseguir o que queremos (dinheiro). Ou podemos executar tudo sem pensar e doar nossa vida pelo salário.

6 comentários:

G.G. disse...

e claro, quanto as regras ainda temos a chance, ou nao, de revolucionar.

Tatá disse...

A-M-E-I.

Mario Balan disse...

uh.

acho que este texto do steve pavlina foi o meu coup-de-grâce-do-cair-fora-das-corporações: http://www.centenaro.org/fabio/10-razoes-para-nao-arrumar-emprego

adeamus. abss.

Mario Balan disse...

ah é. uh = amei, também.

Dalton Campos disse...

Ducaralho. Digno de uma TPM (a revista e não o momento mensal)

G.G. disse...

Mario, juro que não li o texto antes, mas é exatamente isso.

será que este blog pode dar lucro um dia?