segunda-feira, novembro 24, 2008

O Processo

Hoje me lembrei deste livro. O maldito. Até hoje, 1 livro apenas me venceu. Relutei até a metade. E juro, não tinha nada a ver com a literatura ruim ou estilo do escritor, no caso Franz Kafka (medo de escrever kafta). Ele escreve muito bem obrigada, e prende a atenção. A descrição das cenas, pensamentos, clima são perfeitas. O fato é que o cara acorda e está em prisão domiciliar. Não se sabe porquê, muito menos os trogloditas capangas que estão mantendo-o em regime de detenção. Falta do trabalho e aos poucos recebe cartas com mapas para comparecimento em audiências. É envolvido com advogados, juizes e tribunais. Várias sessões. Nenhuma descoberta.

Pois bem, narrei o livro até a metade. Até a metade mesmo: coloca o dedinho na metade do livro e abre. Pronto! Pode ler a partir daí que vc consegue seguir a história. Ele está sendo processado e não sabe o crime. Já contei tudo.

Bom, o livro chamava "O Processo". Mais tarde, descobri através de um amigo que nosso ilustre autor fez o livro como uma crítica ao sistema burocrático. Agora você pode chorar sua mediocridade e admitir que o cara é um artista. Eu o fiz, afinal, a burocracia reproduzida no livro me venceu e eu senti a arte na minha derrota.

Anos se passaram até que hoje ao perguntar como foi o feriado para uma amiga ela me disse que resolveu uns problemas. Entre eles, um muito bizarro: ao tentar parcelar uma compra, foi informada que seu nome estava no cerasa (há 4 anos). Foi até a cidade que estava o protesto (não sabia que conta era esta). Como havia locado republica em tempos de faculdade, levou todos comprovantes dos anso que viveu ali. Todos comprovantes na mão. Ao chegar no estabelecimento, foi informada que a dívida era de uma imobilária. Qual era a dívida?

O valor era aproximadamente R$300. Cheque que poderia fazer na hora (e queria fazer) para pagar. A acusação era um cópia do contrato de locação. Não estava especificado que parte do contrato não foi cumprida. Nada de aluguel, luz, agua, telefone, pintura. O recepcionista a informou que ela teria que ir na imobiliaria perguntar o porquê da dívida (como no livro, que ele tem uns 5 endereços para saber qual acusação). Acontece, que como é cidade pequena, o balconista já a informou que a imobiliária fechou. E o dono faleceu (não responde mais nada). E quem pode receber o dinheiro e levar um "atestado" de que a dívida está em ordem é apenas ele. Ou um dos familiares (o que?!?!?). Ela só tinha aquele dia naquela cidade para resolver. Imagina isso em São Paulo? Pequenas causas? Só em 2010, ou 2011. Não tem como pagar ali na hora ou retirar "a queixa" baseado nos comprovantes (até porque não se sabia a acusação). Mais fácil encomendar uma sessão espírita e perguntar pro velhinho...

Depois ví a peça baseada no livro. Fanstástica, interpretada  por alunos de artes cênicas da unicamp. A peça era amarela. Cheirava a papel e mofo. Assim como os personagens...
O mocinho morre no final. Quem matou foi a burocracia.

4 comentários:

mimmy disse...

Sei não, mas eu tenho a leve impressão que todas as vezes que você demora pra atualizar seu blog, você se supera com seu post.

A-do-rei. Fantástico.

Aquele uta.

Anônimo disse...

A Mimmy mandou eu entrar aqui e elogiar o texto senão ela irá arrumar outro cachorro

Anônimo disse...

Mentira. Gostei do texto também. Eu fico puto com estas coisas e na verdade é como areia movediça. Quanto mais você reluta e se mexe, mais afunda.

G.G. disse...

Assim eu me empolgo e começo a revisar o que faço.. heheh