terça-feira, dezembro 04, 2012

O Discurso do Método - Anotação I

Trecho retirado do livro:

"Minha segunda máxima consistia em ser o mais firme e o mais resoluto possível em minhas ações, e em não seguir menos constantemente do que se fossem muito seguras as opiniões mais duvidosas, sempre que eu me tivesse decidido a tanto. Imitando nisso os viajantes que, vendo-se extraviados nalguma floresta, não devem errar volteando, ora para um lado, ora para outro, nem menos ainda deter-se num sítio, mas caminhar sempre o mais reto possível para um mesmo lado, e não mudá-lo por fracas razões, ainda que no começo só o acaso talvez haja determinado a sua escolha: pois, por este meio, se não vão exatamente aonde desejam, ao menos chegarão no fim a alguma parte, onde verossimilmente estarão melhor do que no meio de uma floresta.[...] E isto me permitiu, desde então, libertar-me de todos os arrependimentos e remorsos que costumam agitar as consciências desses espíritos fracos e vacilantes que se deixam levar inconstantemente a praticar, como boas, as coisas que depois julgam más." - René Descartes


Explico o porque do trecho te rme animado, é uma velha discussão formada sobre tudo, onde outra debatedor defende que de nada serve ter uma opinião. Seu argumento é que opinião é sempre a favor de somente um ponto de vista (o do argumentador), e estará certa para ele, neste momento, neste local, neste "agora". Em algum outro ponto de vista pode estar errada, e com certeza estará, porque não existe o certo ou a verdade absoluta. Portanto defende-la não é algo racional, já que você estará defendendo uma pequena e temporária verdade ou até defendendo algo muito errado de que tem convicção de estar certo. A posição "em cima do muro" é estatisticamente a posição mais correta para ser adotada, já que nunca é possível ter a certeza do correto posicionamento.

Não preciso mencionar que esta postura não me agrada, pois sou mente inquieta. Mas ser mente inquieta não é argumento para trazer outras mentes para discussão, então por isso a felicidade de encontrar a resposta mais lógica neste trecho destacado... Segundo Descartes, em sua analogia esta pessoa ficaria perdida no meio da floresta. 

O que não é ruim  para quem não quer chegar a lugar nenhum e satisfeito com sua condição e matematicamente protegido pela suas seguras indecisões. Esta pessoa não perde seu tempo em caminhos errados depois de uma longa jornada.

Mas quem quer ir além, precisa se arriscar e sair desta condição geográfica...

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